Meditação - um patrimônio trans-ecumênico da Humanidade

Alguns colegas de faculdade e de trabalho, além de outros amigos próximos, vêm me perguntando sobre a meditação, suas técnicas, objetivos e resultados. Não sou expert no assunto, mas venho engatinhando nesse caminho há algum tempo, tanto na teoria como na prática. É um assunto bastante extenso e abrangente, e até mesmo complexo. Mas, graças a Deus, a prática é algo extremamente simples (não fácil, mas simples) e ao alcance de qualquer pessoa. Há vários tipos de meditação, diferentes escolas e linhas de abordagem dessa prática milenar. Acredito que cada indivíduo deve sentir-se livre para experimentar e descobrir a forma mais adequada à sua vida e ao seu momento. O apóstolo São Paulo disse certa vez que a sabedoria de Deus é multiforme. Lamentavelmente, grande parte da prática religiosa, tanto cristã como não cristã, busca a uniformidade entre as pessoas e é intolerante em relação à diversidade, uma diversidade que nada mais é que a expressão daquela multiforme sabedoria de Deus da qual a Bíblia fala.

Daí a importância da meditação. Nela, percebemos nossa unidade na diversidade. A racionalidade pura e simples não consegue abarcar tal aspecto da realidade. Mas ao nos interiorizarmos, através da meditação, tornamo-nos mais tolerantes e livres em nossas interações. Quanto mais livres formos, mais deixaremos os outros livres para serem quem são, e menos pressão sentiremos de nos adequarmos às expectativas dos outros. Disciplina é liberdade, já dizia o Renato Russo, citando em sua canção algo que lera em algum escrito budista antigo. Sermos levados pelas exigências exteriores nos afasta da verdade de quem somos e, consequentemente, nos afasta da verdade do outro e do todo. Não que a verdade do outro possa ser totalmente compreendida, e a do todo, muito menos, mas quanto mais nos conhecemos a nós mesmos mas próximos chegamos do verdadeiro conhecimento das demais coisas e pessoas, embora esse conhecimento seja sempre apenas em parte como disse o apóstolo São Paulo (ver I Coríntios 13:12-13).

Muitos dizem que não têm tempo para esse tipo de prática. Porém, o que não sabem, é que a falta desses momentos de silêncio e quietude faz com que percamos muito mais tempo na solução dos problemas com os quais lidamos diariamente. Um dos efeitos da prática da meditação é o aumento da capacidade de compreensão de tudo que é ouvido, lido, visto, experimentado etc.. Há também um aumento da capacidade de memorização e recuperação de informações. Particularmente, posso testificar que quando estou meditando regularmente, consigo ter uma produtividade maior nas minhas leituras acadêmicas, preparação para concursos, dentre outras atividades. Mas isso é uma consequência, não fiquemos preocupados em medir isso.

Hoje pela manhã fiz um escaneamento no meu computador, utilizando  o antivírus. Foram detectadas 4 pragas virtuais, os chamados malwares. A máquina estava funcionando aparentemente bem, mas eu já vinha notando pequenas falhas no sistema. Demorei uma semana para tirar um tempo e fazer essa faxina no micro. Meu tempo no computador é muito contado: trabalhos de faculdade, estudo para concursos, redes sociais e informação  e pesquisa em geral. Agora tem o blog também, ou seja, foi difícil parar e deixar o computador ocioso aqui, sem fazer nada além de "olhar" para si mesmo e verificar se estava infectado com algum vírus ou lixo virtual. Mas se eu não fizesse isso agora, e se não continuar fazendo periodicamente, vai chegar uma hora que o sistema vai parar, e aí sim é que vou perder tempo, mandando a máquina para a manutenção, correndo ainda o risco de perder dados importantes.

Ora, se uma máquina burra e simples, como são os computadores, precisa desse repouso sabático e dessa "auto-análise" introspectiva, imagine você e eu, seres complexos, que acumulamos coisas desnecessárias e até nocivas em nossas mentes, emoções e vontades e, sem nos darmos conta, vamos vivendo com "pequenos problemas de funcionamento" (um insônia aqui, uma intolerância ali, uma dificuldade de concentração acolá...) até que um quadro mais grave vem e nos pára bruscamente, como ocorre, por exemplo, na depressão e nos problemas físicos de saúde. É claro que a meditação não é uma panaceia, e há muitos outros aspectos envolvidos na manutenção da nossa saúde integral. Mas a prática da meditação nos ajuda até mesmo a nos valermos desses outros recursos de forma mais sábia e produtiva.

Vou compartilhar aqui um pequeno vídeo do monge beneditino Laurence Freeman, falando sobre a meditação, sob uma perspectiva cristã. [Mas, como sugeri no título, essa prática é comum a todas as tradições religiosas antigas e as ultrapassa, sendo praticada até por ateus.] Freeman é uma espécie de  mentor espiritual de um grupo de cristãos (tanto católicos como protestantes) que têm buscado redescobrir essa prática que durante muitos anos no início do cristianismo fora vivenciada pelos discípulos, mas que se perdera ao longo do tempo e do processo de ocidentalização da igreja cristã. Para saber mais sobre a meditação cristã, clique aqui. Segue abaixo o vídeo do Freeman. Logo a seguir, tem outros vídeos com outras abordagens da meditação.


















Comentários

  1. Muito interessante o texto, assim como vários outros. A comparação com o vírus de computador, fantástica! hehehe
    Abraço cara!

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  2. Valeu Vinícius, é isso aí! Volte sempre. Um abraço!

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