A COURAÇA DA JUSTIÇA



[...] e vestida a couraça da justiça...


A segunda peça da armadura descrita pelo apóstolo Paulo em Efésios 6 é a Couraça da Justiça. Como dissemos anteriormente, cada peça da armadura de Deus está relacionada a uma arma que o inimigo utiliza contra nós para tentar nos destruir. Assim, além da mentira, o diabo (seja qual for sua visão de diabo, mal, energias negativas, espíritos maus etc.) nos ataca semeando a injustiça nos nossos relacionamentos.


A injustiça sempre está ligada à ideia de desequilíbrio, falta, débito. Dessa forma, antes de pensarmos em injustiça entre as pessoas, precisamos pensar na injustiça interior, aquela que nos dá a sensação de culpa e que nos leva a buscarmos algum tipo de compensação.


Praticamente todas as tradições religiosas, mesmo aquelas desenvolvidas no seio de tribos isoladas da civilização cristã ocidental, falam de algum momento na história da Humanidade em que o ser humano perdeu seu estado original de graça,


inteireza, amor, perfeição ou paz. A Bíblia aborda esse fenômeno através da figura da  ordem de Melquizedeque, um assunto complexo que não vou tratar agora, pois não é o foco deste livro.


O que quero ressaltar nesse ponto é que a Bíblia e a experiência humana universal atestam que o ser humano tem uma percepção de que é injusto para com Deus, a vida ou universo. Há uma sensação de falta, de débito e necessidade de apaziguar a ira dos deuses, de Deus ou do poder supremo, e isso ocorre tanto entre povos monoteístas como também entre povos politeístas pagãos.


E o que isso tem a ver com a Couraça da Justiça, a batalha espiritual e os relacionamentos interpessoais?!


Que bom que você perguntou!



A culpa instalada em você por causa do pecado original afeta diretamente sua relação com Deus, com o próximo e consigo mesmo. Veja o conselho de Paulo, anos depois de escrever esta carta aos efésios, orientando seu discípulo Timóteo, que, segunda a tradição, seria bispo da igreja de Éfeso:


Mantendo fé e boa consciência, porquanto alguns, tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé. 1 Timóteo


1.19.


Ora, aqui você pode ver que uma consciência manchada pode te fazer naufragar na fé. Mais adiante veremos a importância fundamental da fé, quando estudarmos o Escudo da Fé. Por agora, quero apenas lhe chamar a atenção para o fato de que a consciência manchada pela culpa e pelo pecado fazem um enorme estrago na vida do indivíduo.


A solução de Deus para a nossa injustiça essencial é a Sua Graça, manifesta plena e definitivamente na morte e ressureição de Jesus, pois conforme vemos em Romanos 3:23-24 “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.


Talvez por isso o profeta Isaías, já no Antigo Testamento, mas pelo espírito de Cristo que já atuava nos profetas antigos, dizia, ao pré-anunciar o evangelho da justificação pela graça:


Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegrará no meu Deus, porque me vestiu de vestes de salvação, cobriu-me com o manto de justiça [...] Isaías 61:10


Somos revestidos com a justiça de Deus em Cristo, por isso você pode se aproximar de Deus sem medo (Leia o livro de Hebreus todo umas 3 vezes até entender bem essa coisa de se achegar a

Deus com confiança). A consciência dessa realidade irá afetar tremendamente os seus relacionamentos e a forma como você lida com seus próprios erros e os erros dos outros. Quem não consegue se ver a si próprio como agraciado pelo perdão de Deus não consegue, da mesma forma, perdoar o próximo, e fica tentando sempre pesar na balança para ver qual pecado é pior, se o seu próprio ou o de outrem. Mas é como descascar uma cebola, camada após camada sem nunca chegar ao fim. Além disso, temos a tendência de ver os pecados dos outros sempre como mais graves que os nossos próprios.


Por isso, diz a Bíblia, Deus nivelou a todos, classificando a todos nós como pecadores e nos oferecendo gratuitamente a justificação pela fé em Cristo, pela sua graça, sem qualquer mérito da nossa parte.


A aceitação dessa verdade em seu coração irá te tornar vitorioso contra a segunda principal arma do diabo que é a acusação. Por isso em Apocalipse 12:11 está escrito que vencemos o acusador (o diabo) pelo sangue do Cordeiro. Ou seja, a consciência de sermos justificados por causa do sangue de Jesus derramado pelos nossos pecados de uma vez por todas nos dá plena vitória contra as acusações do inimigo executando a vitória escatológica conta ele.



Este é outro assunto extenso, que irei trabalhar, com a graça de


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Vejamos ainda, sobre a couraça da justiça, o exemplo de pessoas da Bíblia que utilizavam esta peça da armadura com muita segurança e eficácia.






José e Maria



Quando Maria ficou grávida pelo Espírito Santo, em princípio José não entendeu o que havia acontecido, porém veja o que diz a Bíblia:


Mas José, sendo justo, e não a querendo infamar, resolveu deixa-la secretamente. Mateus 1:19


Essa é a primeira menção no Novo Testamento a alguém justo. Mas qual foi a atitude de justiça de José que revelou nele tal qualidade? A resposta é: Não a querendo infamar”. A difamação é uma das principais formas de injustiça e tem sido disseminada de forma terrível em nossa sociedade e tem sido algo usado pelo diabo para destruir relacionamentos, reputações e vidas.


José não sabia até aquele momento que Maria estava grávida do Espírito Santo (Mateus 1:20), mas ainda assim não quis expô-la à difamação. Difamar é equivalente a almaldiçoar. Em Números 22 vemos a história de Balaão, o profeta que foi subornado pelos inimigos do povo de Deus para amaldiçoa-lo, o que foi considerado por Deus como perversidade e injustiça.


Os quais, deixando o caminho direito, erraram seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça; 2 Pedro 2:15






Simeão



Outro personagem peculiar, que aparece no início da história de Jesus nos evangelhos é Simeão (Lucas 2:25-35). Sua atitude característica era esperar em Deus com uma conduta de piedade.


Eram dias difíceis em Israel. O povo judeu havia perdido parte de sua identidade e autonomia. Aqueles que não se vendiam aos valores do império romano iam para outro extremo, adotando uma religiosidade legalista, fria e manipuladora. Em meio a este estado de deterioração social e cultural, Simeão sabia que a solução não era a vida injusta daqueles que usavam o Estado (publicanos) ou a religião (escribas, fariseus e saduceus) para garantir a segurança e a boa vida. Pelo contrário, ele esperava em Deus, que Ele enviaria Sua salvação para Seu povo conforme prometido pelos profetas antigos. E o Espírito Santo estava sobre ele e por isso Simeão foi um dos primeiros israelitas e reconhecerem o Cristo, ainda recém-nascido.


Este é o desafio para mim e para você hoje. Em momentos de crise social, cultural e espiritual, somos tentados, muitas vezes a explorar ou manipular pessoas em nosso próprio benefício. Muitos se aliam aos que estão no poder político, econômico ou religioso, para obter favores pessoais e não para ser voz profética em favor da justiça. Oremos para que Deus nos ensine a esperar nEle até recebermos a direção do Espírito Santo para darmos passos certeiros e justos, não influenciados por boatos de redes sociais e outros meios. Muitos líderes cristãos têm-se deixado seduzir e conduzido muitos ao engano e até mesmo ao ódio, condenando pessoas com base em falsas notícias. Que Deus tenha misericórdia do Seu povo e nos livre do jogo do poder humano!


A graça de Deus, além de nos justificar, nos capacita a viver uma vida justa (Tito 2:12), ou seja, pela fé somos justificados, pela graça de Deus, e, também pela fé, somos ensinados por essa mesma graça e capacitados a andar em justiça.


Vimos então, que vestir a couraça da justiça é de fundamental importância para não permitirmos que o diabo alcance vantagem sobre nós. Uma leitura atenta das duas cartas de Paulo aos Coríntios irão te ajudar a entender melhor, na prática, como viver em justiça.


Só após nos revestirmos da consciência da nossa justificação em Cristo é que podemos avançar e calçar os pés com a preparação do evangelho da paz, pois, como o próprio Paulo havia dito aos crentes de Roma em outra carta:


Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo.


Romanos 5:1


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