A Armadura de Deus - O Cinto da Verdade

Como veremos a partir de agora, a armadura de Deus descrita na Bíblia em Efésios é um conjunto de características ou atributos do próprio Cristo ou que nos são dados por meio de Cristo, os quais nos capacitam a permanecermos firmes contra as ciladas do diabo. Cada peça da armadura nos revela algo que Cristo é para nós ou nos concede nEle. Afinal, Cristo é a verdade (João 14:6), a justiça (I Coríntios1:30), a paz (Efésios 2:14). Nele está a nossa fé e Ele mesmo é o nosso escudo. (Gn 15:1), a salvação (Isaías 12:2; Mateus 1:21) e é também a própria Palavra, o Verbo de Deus (João 1:1).  

O CINTO DA VERDADE 

Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade... A primeira peça da armadura é o cinto da verdade. Isso sugere que a primeira ou principal arma que o diabo usa na destruição dos relacionamentos e através dos relacionamentos é a mentira. Cada peça da armadura de Deus, descrita em Efésios 6, parece estar relacionada a uma arma que o diabo usa contra nós. E Jesus deixou bem claro que a mentira é a parte central do caráter do diabo: [...] ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. João 8:44 Muitas são as mentiras do diabo. Porém, quanto aos relacionamentos interpessoais, iremos nos deter por enquanto na análise de três tipos básicos de mentira:  

  • Mentira quanto ao caráter de Deus (Quem é Deus, como Deus age etc.) 
  • Mentira quanto à minha identidade e meu valor. 
  • Mentira quanto às outras pessoas, seu valor e seu poder sobre mim. 

Quando você cai na tentação de mentir, geralmente é porque já foi enganado, você próprio por uma dessas três mentiras básicas que o diabo conta aos seres humanos. Veremos isso a partir de agora em detalhes nas próximas linhas. 

Mentira quanto ao caráter de Deus 

No Éden, segundo o relato bíblico, a serpente enganou Eva, convencendo-a de que Deus não estaria sendo verdadeiro e sincero para com ela e Adão. E sugeriu ainda que Deus não tinha em mente o que era melhor para eles, pelo contrário, estaria privando-os de algo bom. Esta é a mentira básica do maligno e que dá base a todas as outras mentiras. Quando o ser humano tem uma visão distorcida do caráter de Deus, não consegue crer em Seu amor, bondade e generosidade, e daí se estabelece o alicerce para que se construa toda sorte de crenças falsas, crenças limitantes, o que a Bíblia chama de fortalezas, sofismas e tudo que se levanta para impedir que as pessoas conheçam a Deus (2 Coríntios 10:4-5). A falsa imagem do caráter de Deus começa a ser implantada desde bem cedo na vida do ser humano. Algumas pessoas sofrem traumas tão dolorosos na infância que passam a vida toda se perguntando como um Deus de amor e todo-poderoso pode permitir que tais coisas acontecessem. Elas desenvolvem uma atitude de desconfiança em relação a Deus e ao mundo em geral. Talvez até consigam ter alguma religião, e algumas até conseguem avançar um pouco mais e ter de fato algum relacionamento com Deus, porém não conseguem confiar nEle para protege-las ou suprir suas necessidades, e a vida cristã para elas é um fardo pesado, quase insuportável, pois se sentem sozinhas, por conta própria em um mundo hostil. Outro fenômeno que geralmente ocorre e que implanta essa visão distorcida de Deus e da vida é a decepção ou revolta com figuras de autoridade ao longo da infância e adolescência. Pais injustos, ausentes, autoritários, omissos, abusivos, dentre outros são, muitas vezes, usados pelo diabo, desde a mais tenra infância do indivíduo, para produzirem uma imagem falsa que é então projetada na pessoa de Deus, projetando nEle as imperfeições encontradas em pais, mães, professores e parentes de sua história de vida. 

Claro que nem tudo que acontece de ruim é causado pelo diabo, pelo contrário, a imperfeição humana por si só produz muita maldade. Mas, sem dúvida, o maligno usa cada situação para implantar em nós as mentiras básicas sobre as quais iremos construir todo o restante do edifício da nossa vida e personalidade. 

Mentira quanto à minha identidade 

Uma vez que o diabo obtenha sucesso em distorcer a imagem de Deus em sua mente, ele não vai ter dificuldades para distorcer sua autoimagem. Se você pensa que Deus não é digno de confiança e não está interessado no seu bem, certamente irá ver a si mesmo como alguém só, desamparado, vivendo em um mundo hostil sem nenhuma garantia de ajuda ou livramento. Essa é a base da insegurança. Sem o referencial divino em seu interior, sua única alternativa será crer naquilo que as pessoas e circunstâncias disserem a seu respeito, e aí é que mora o perigo. Assim, quando as coisas vão bem, você pensa que é capaz, importante, se sente seguro e aceito. Quando as coisas vão mal, você pensa que é incapaz, sem valor, se sente inseguro e rejeitado. 

Neste aspecto, os primeiros anos de vida de uma pessoa podem influenciar intensamente na formação da autoimagem, assim como vimos que influenciam na visão que temos de Deus. O diabo investe pesado para que o indivíduo tenha uma imagem distorcida não apenas de Deus, mas também de si próprio. Este é um ponto complexo e extenso, que será abordado com mais detalhes em nosso Grupo Exclusivo no Facebook, ao qual todos os leitores que adquirirem o e-book original terão acesso e poderemos ali, juntos, refletir sobre o que a Palavra de Deus diz sobre isso e ainda orarmos uns pelos outros para sermos curados, como diz a Bíblia. Por enquanto, vamos ver a seguir ainda outra mentira contra a qual devemos lutar nessa batalha espiritual. 

Mentira quanto ao meu semelhante 

Ora, se eu me vejo como alguém inferior, inadequado, sozinho, abandonado por Deus, certamente irei ver o meu semelhante como uma ameaça, acima de qualquer coisa. Mediante acontecimentos corriqueiros de sua vida, o inimigo tenta te convencer de que a sua luta principal é contra pessoas, contra o próximo. Isso ocorre porque se você não vê a si mesmo como uma pessoa inteira, cujas necessidades essenciais são supridas por Deus, em Cristo, conforme diz a Bíblia em Filipenses 4:9, certamente irá desenvolver uma excessiva dependência de outras pessoas, colocando sobre elas o peso da responsabilidade de suprir suas necessidades de aceitação, segurança e amor incondicional. Essa é uma armadilha cognitiva do diabo, pois uma vez que você coloque em algum ser humano toda sua esperança, fatalmente você será frustrado, decepcionado, pois ninguém é perfeito, e a partir dessa decepção você passa a ver todas as pessoas como inimigos em potencial. Assim surgem as estratégias destrutivas e disfuncionais de relacionamento, que visam tão somente à autoproteção, e por isso os relacionamentos se tornam superficiais e egoístas, pois se tenta extrair o máximo oferecendo-se o mínimo. 

Quando aceitamos esse nível de engano, em vez de tomarmos toda a Armadura de Deus, usamos uma falsa armadura, carnal, baseada no ego, pois pensamos que nossa luta é contra pessoas de carne e sangue. Agora imagine todas as pessoas utilizando essa mesma estratégia! Esse é o nível de intensidade da batalha na qual estamos envolvidos. Muito mais que uma batalha de poder, estamos em uma batalha entre a verdade de Deus e as mentiras do diabo. É uma batalha pela renovação das nossas mentes. 

Portanto, para realmente estarmos revestidos da armadura de Deus, que dá proteção real e não imaginária, precisamos nos despojar da falsa armadura; não dá para usar duas armaduras. Precisamos reconhecer que devemos amar as pessoas e lutar contra as forças espirituais do mal e suas mentiras e ciladas. 

Graças a Deus pelo Cinto da Verdade! Para cada mentira do diabo, a Bíblia nos dá a verdade para combatermos o engano que foi semeado em nós. A Palavra de Deus nos mostra claramente qual é a verdade sobre o caráter de Deus, nossa identidade e nosso semelhante em relação a nós e a Deus. Verdade sobre o caráter de Deus: Jesus “Quem me vê a mim, vê o Pai” João 14:9 “Ele é a imagem do Deus invisível” Colossenses 1:15 “Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser” Hebreus 1:3 Quem tiver dúvidas (e vez por outra todos temos) quanto ao caráter de Deus, basta olhar para Jesus Cristo. Suas palavras, ações e reações e, principalmente Sua demonstração máxima de amor ao dar Sua vida por cada um de nós, na cruz. Este é o Os Relacionamentos Interpessoais e a Guerra Espiritual Página 34 caráter de Deus. Deus é amor, e na vida de Jesus este amor foi demonstrado em todas as sua dimensões (ver Efésios 3:18-19). Deus não é indiferente, injusto, omisso. Pelo contrário, garante estar conosco todos os dias (Mateus 28:20). Aliás este é um de Seus nomes: Deus Conosco (Mateus 1:23). A vontade de Deus é boa, perfeita e agradável (Romanos 12:2) e Seus mandamentos não são penosos (I João 5:3). Ele pode e quer suprir cada uma de suas reais necessidades (Filipenses 4:19). Leia com o coração humilde e em oração o Evangelho de João, do início ao fim. Você irá perceber como são grandes o cuidado e o amor de Deus pela sua vida, revelados em Jesus. 

Uma vez que você receba a graça de ver a verdade sobre Deus, o diabo não terá mais como lhe enganar quanto a sua própria identidade. É o que veremos a seguir. Verdade sobre minha identidade: Cristo em mim “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” I Pedro 2:9 Você não é qualquer um. Cristo veio ao mundo e deu Sua vida por você para restaurar em você o propósito original de Deus, que é o de nos ter em comunhão plena com Ele. Não estamos abandonados, pois somos guardados pelo poder de Deus, como disse o apóstolo Pedro (I Pedro 1:5). Você pertence a Deus, pois Ele te criou à Sua imagem e semelhança (Gênesis 1:26), te escolheu (Efésios 1:4), te redimiu (Efésios 1:7) e te selou com o Espírito Santo, registrando seu pertencimento a Ele. Aleluia! Por tudo isso, Deus mesmo irá suprir cada uma das suas necessidades (Filipenses 4:9). 

Você depende dEle em primeiro lugar e não de si mesmo ou dos outros. Logo, as pessoas não são uma ameaça a sua vida e a quem você é pois sua vida está guardada por Deus e em Deus através de Jesus Cristo. Quando você se vê a si mesmo dessa forma, fica mais fácil enxergar o seu próximo da forma como Deus o vê. Verdade sobre o meu semelhante: Pecador imperfeito e alvo do amor de Deus.

O diabo tem destruído muitos relacionamentos e muitas vidas simplesmente porque muitas pessoas não conseguem ver as outras como alvos do amor de Deus. A Bíblia diz que devemos orar em favor de todos os seres humanos (I Timóteo 2:1). 

Ou seja, nosso primeiro compromisso com relação às pessoas é amar e orar por elas. 

Deus amou o mundo (João 3:16). Ele quer que todos sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (ITm 2:1; IIPd 3:9). Logo, nós também devemos amar as pessoas e, por isso cooperar no sentido de que elas se aproximem de Deus e de Seu plano para elas. Paulo, o apóstolo, se dizia devedor de todos os homens quanto à responsabilidade de lhes transmitir o evangelho, e tudo que ele fazia em seus relacionamentos com outras pessoas tinha a marca desse propósito de, de alguma forma, alcançar alguns com a Palavra de Deus. Isso não significa ficar pregando para as pessoas, mas sim permitir que através de nossas vidas Cristo se manifeste e as pessoas sintam o desejo de buscar a Deus (Efésios 4:29). 

Vou citar aqui um trecho de um texto de Lloyd John Ogilvie em seu excelente livro Quando Deus Pensou em Você: As pessoas que nos perturbam e nos incomodam são colocadas em nosso caminho pelo próprio Cristo para que as amemos no poder de seu amor [...]. Quando pedimos ao Senhor a estratégia específica para a prática do amor em cada relacionamento perturbado, ele ilumina a pessoa de modo que possamos ver não um inimigo, mas alguém em desesperada necessidade de cura e de esperança.  

Assim, o cinto da verdade irá nos capacitar também a vencermos as mentiras do diabo quanto a nossa forma de vermos as pessoas e nos relacionarmos com elas. A Bíblia diz que a igreja de Cristo é coluna e baluarte da verdade (ITm 3:15). Isso significa que a verdade sobre cada aspecto da vida deve ser defendida e demonstrada pela igreja, e isso não é feito através de movimentos políticos que tentam impor a moral cristã sobre a vida de indivíduos não-cristãos. Isto foi feito por muito tempo desde que Constantino se converteu ao cristianismo no início da história da igreja, e os resultados não foram bons. Defender e sustentar a verdade está relacionado à vida de Cristo em nós, manifestando-se em nossa conduta e em nossos relacionamentos. Vivemos dias em que os valores estão invertidos. Como nos dias do profeta Isaías, a verdade sumiu (Isaías 59:15 e 5:20). Mais importante do que definir modelos e papéis nos relacionamentos é a vivência de valores que reafirmem os princípios de Deus para os relacionamentos, como a lealdade, a verdade, o perdão etc. E então, o que você acha?! Pare a leitura por uns momentos e pense um pouco em como você tem sido enganado, vendo as pessoas como inimigas e sem perceber que está cooperando com os planos do seu verdadeiro inimigo e inimigo de Deus. Ore a Deus e peça sabedoria e Ele certamente te dará! 

Em nosso grupo fechado de leitores, vamos conversar constantemente sobre tudo isso que vimos até aqui e sobre o que veremos nos próximos capítulos. 

Naquele espaço virtual poderemos interagir, com espaço para perguntas e respostas personalizadas e ainda estudos e palestras exclusivas ofertados por irmãos, pastores e especialistas de diversas igrejas e ministérios. 

Se você adquirir o E-book completo, terá também o acesso permanente ao Grupo Exclusivo. Optei por manter um grupo fechado de leitores, pois ali vamos tratar especificamente das questões abordadas no livro. Não sei se já aconteceu com você, mas muitas vezes, ao ler um livro, sinto vontade de perguntar ao escritor em que ele estava pensando quando escreveu determinado capítulo ou parágrafo do livro, ou como o que está escrito no livro pode se aplicar a minha situação específica. Mas infelizmente, dificilmente temos acesso direto aos autores de livros. Minha proposta nesse trabalho inédito que estou empreendendo, é oferecer aos leitores uma experiência mais próxima de mim e das minhas ideias, além de poder fomentar a interação e o debate entre os próprios leitores, para produzir a edificação mútua, conforme nos exortam as Escrituras. Espero que minha iniciativa sirva de incentivo para que outros escritores façam o mesmo.

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