Política

Quem é vivo sempre aparece não é mesmo?! Aliás alguns dizem que até os mortos dão as caras ocasionalmente. Então, com o reaparecimento de certas figuras e discussões no cenário político, estando nós às vésperas das eleições, e estando o meu perfil no face lotado de postagens de amigos e conhecidos pró e contra PT ou PSDB, resolvi fazer uma tentativa de voltar a falar publicamente e de forma mais articulada sobre o assunto, ainda que de maneira informal, mais um bate-papo mesmo.

Mas não vou começar do começo. Vou começar de onde estou, do que tenho visto e ouvido nesses dias, pois foi o que me inquietou e me fez sair da desesperada luta pela sobrevivência em que tenho andado (algo meio "À Procura da Felicidade") para me ocupar, um pouco pelo menos, desse debate de ideias e ideologias.

Um dos temas preferidos da turma anti-PT é o bolsa família. Ontem mesmo li em um fórum um sujeito furioso dizendo que "já passa da hora dos corruptos do PT irem embora, juntamente com os vagabundos do bolsa família". Então fiquei imaginando o tipo de pessoa que fala isso. Na verdade, acredito que na atual cenário de pseudo politização em que estamos, os profissionais mais bem indicados para falar do assunto são os psicólogos, e não sociólogos e muito menos cientistas políticos, esses últimos então, parecem cada vez mais desarmados de ferramentas de análise que possibilitem uma previsão do que virá nessa eleições, tanto agora antes, como o resultado e ainda depois, seja quem for que vença. Mas os psicólogos estão muito bem preparados, gostaria muito de ouví-los nesses dias! Digo isso porque acredito que boa parte da revolta da classe média contra o governo e, especialmente, contra o bolsa família se deve a um desespero, não de classe primeiramente, mas de ser. O senso de ser de muitas pessoas de classe média, que lhes dá  a sensação de segurança e de que suas vidas são significativas e importantes, sempre esteve ancorado em símbolos externos. O fato de terem uma casa assim e assado, um carro tal, empregada, viagens para destinos específicos (Em BH por exemplo, me lembro que nos anos 80 pobre não ia à praia, e quando ia, com certeza seria para Guarapari. Já classe média ia para Cabo Frio ou Porto Seguro (Porto Seguro já dava um status mais chique pro cara, Natal então, nem se fala hehe). E por aí vai. Eu poderia entrar no papo acadêmico e falar dos escritos de Bourdieu sobre a busca de distinção, mas não é o meu foco agora, estamos em águas rasas ainda na conversa, o menos pode ser mais nessas horas também.

Pois bem, agora, de repente, esses cheirosos e bem educados, criados com à base de danoninho e lego, começaram a ter que dividir seus espaços, antes tão restritos, com uma classe de pessoas (se é que faz sentido utilizar essa expressão, mas tudo bem), sim, uma classe de pessoas que antes não tinha acesso a esses mesmos bens e serviços. "- O quê?! A minha empregada e seu marido pedreiro aqui no aeroporto?! Absurdo!" Esse é o grito de terror de algumas pessoas, não poucas, infelizmente, que não estavam preparadas para descobrirem que também elas próprias são pessoas comuns, e não seres gloriosos e iluminados como a mídia em suas propagandas de cartão de crédito sempre tentaram lhes convencer de serem. Meu Deus, que coisa traumática! O indivíduo descobre que, com uma educação pública meia boca e um pouco de incentivo, qualquer filho de faxineira disputa vaga na universidade com o filho dele, e que o porteiro, que agora resolveu fazer faculdade, pode vir a ser seu colega de trabalho ao passar em um concurso público! Isso não é pouca coisa. Ainda estamos longe de entender o processo pelo qual estamos passando como sociedade e como indivíduos. 

Embora eu seja das Ciências Sociais, me é difícil crer na preeminência do social sobre a psiquê nessas horas. Afinal, boa parte da turma de esquerda e do politicamente correto vem também da mesma classe social, a classe média, então, me desculpem os estruturalistas (eita vício de linguagem), mas questões de cunho pessoal ou individual (e ao meu ver, psicológico e espiritual), têm bastante peso, talvez decisivo, na formação de opinião de cada pessoa diante das mesmas informações ou articulações de opinião que lhe são apresentadas. Aliás, sobre isso gostaria de falar em um post mais adiante, no futuro.

Agora, porém, continuando a conversa (não tão afiada como a do Amorim), observe que nada disso que eu citei acima tem a ver diretamente com bolsa família






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